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Política fiscal de Bolsonaro mostra o resultado: cresce a desigualdade em todo o país

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Ricos ficam mais ricos em quase metade das regiões metropolitanas do Brasil durante pandemia, de acordo com pesquisa da PUC do Rio Grande do Sul. Levantamento traz ganhos com trabalho, exclui auxílio emergencial e identifica casos em que ricos elevaram seus rendimentos. Mais pobres perderam 30,2% de renda, em média, nas capitais. A vida do povo está ruim e vai piorar com fim do auxílio emergencial, a partir de 2021.

A política destrutiva do Palácio do Planalto conseguiu um novo recorde: ampliou a desigualdade de renda nas principais metrópoles brasileiras. É a prova de que Paulo Guedes e Jair Bolsonaro continuam a empurrar a maioria da população para o abismo da pobreza, enquanto os ricos ficam mais ricos. Durante a pandemia do novo coronavírus, levantamento da PUC do Rio Grande do Sul revela que os mais pobres nas principais cidades do Brasil perderam, em média, 32% de sua renda durante a pandemia do Covid-19. Os ricos também perderam, mas bem menos: 3%. A situação tende a piorar a partir de janeiro, quando estão suspensos os pagamentos do auxílio emergencial.

A partir de 2021, sem programa de renda básica – como propõe o PT com o Mais Bolsa Família –, a miséria no Brasil vai aumentar pela omissão criminosa do governo. Mas os mais ricos, provavelmente terão aumento de renda, graças à política econômica de Paulo Guedes, que continua a privilegiar as classes dominantes. Enquanto isso, a desigualdade no país segue aumentando de maneira assombrosa. Durante a pandemia, em algumas capitais como Teresina (PI), Salvador (BA), João Pessoa (PB) e Rio de Janeiro, os pobres perderam mais de 40% de sua renda. Apesar da renda do topo da pirâmide ter caído na média geral em todo o país, os ricos ficaram mais ricos em nove regiões, como Manaus (19,9%), Belém (13,1%), Rio de Janeiro (8,7) e Florianópolis (24,2%). Em São Paulo, os pobres ficaram abaixo da média de perda de renda do país: 28,5%. Mas no Rio, o quadro é dramático, com os pobres perdendo 47,6% da renda.

Vergonha internacional

Desde o início da crise sanitária, o governo Bolsonaro empurrou com a barriga as medidas para minimizar o impacto do Covid-19 sobre a economia brasileira. Primeiro, apresentou uma proposta de auxílio emergencial de R$ 200, que o Congresso elevou para R$ 600. Depois, retirou direitos dos trabalhadores, permitindo redução de salários. Por fim, burocratizou o acesso das pequenas e microempresas às linhas de crédito dos bancos.

O levantamento dos pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul, Observatório das Metrópoles e Observatório da Dívida Social na América Latina (RedODSAL), mostra que a renda dos trabalhadores caiu vertiginosamente. Como o estudo se estendeu pelo período da pandemia, que começou em março, os pesquisadores puderam captar os efeitos do programa do governo Bolsonaro, que permitiu cortes de jornadas e salários dos trabalhadores.

Nesse contexto, mesmo quem manteve o emprego pode ter perdido renda, afetando os ganhos da família. “Com a perspectiva de manter trabalhadores na ativa sem fechar os postos de trabalho, tivemos políticas de redução de renda. Além daqueles que perderam o emprego, tivemos os que mantiveram trabalha, mas perderam renda”, disse Marcelo Gomes Ribeiro, pesquisador do Observatório das Metrópoles e do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ, à Folha de S.Paulo.

O boletim tem como base os dados sobre renda da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, referentes aos segundos trimestres de 2020 e 2019. Os números mostram que, na média das 22 regiões metropolitanas, os 40% mais pobres perderam 32,1% da renda, os 50% intermediários perderam 5,6% e os 10% mais ricos perderam 3,2%. “Quem está na base está menos protegido, normalmente tem trabalho informal, sem vínculo, por conta própria. Por isso, quando bate a crise, essa camada sente imediatamente o efeito. Quem está mais lá em cima tem mais condição de se defender neste contexto”, afirma André Salata, professor do programa de pós-graduação em Ciências Sociais da PUC-RS.

Na região metropolitana de Florianópolis, por exemplo, os 10% mais ricos ficaram ainda mais ricos, com 24,2% de aumento na renda. O fenômeno também ocorreu na região metropolitana do Rio de Janeiro, onde os mais ricos tiveram 8,7% de incremento na renda. “Mesmo em um contexto negativo, na dinâmica de um país desigual como o Brasil quem está em cima tem mais condições de se proteger e até aumentar seu rendimento em alguns casos”, diz Salata. O aumento decorre de oportunidades específicas de cada contexto. Um empresário do setor de supermercados, por exemplo, viu a demanda aumentar no seu negócio com o fechamento dos restaurantes.

“ESPECIALMENTE NO SEGUNDO GOVERNO DE LULA E NO PRIMEIRO DE DILMA, TODOS OS ESTRATOS ESTAVAM AUMENTANDO SEUS RENDIMENTOS GERAIS. A PONTA DE BAIXO TENDIA A CRESCER MAIS. É O MELHOR DOS MUNDOS, PORQUE O BOLO CRESCE E QUEM ESTÁ EMBAIXO COMEÇA A GANHAR UMA FATIA MAIOR. AGORA, O QUE SE VÊ É O OPOSTO, É O PIOR DOS MUNDOS. TODOS ESTÃO PERDENDO E OS POBRES PERDEM MAIS, AUMENTANDO A DESIGUALDADE”, DIZ O PROFESSOR ANDRÉ SALATA.

A metrópole onde os mais pobres perderam mais renda foi Salvador, com uma queda de 57,4%. “Na região de Salvador especificamente, e no Nordeste, em geral, há muita informalidade. Isso explica uma queda tão brusca”, diz o professor. Em João Pessoa, os mais pobres perderam 50,6% da queda em sua renda. No Recife, 40,3%. Em Fortaleza, 39,6%. Os efeitos também foram sentidos na região Sul. Em Porto Alegre, os mais pobres tiveram uma queda de 41,7%.

Desigualdade crescente

Além de observar as variações da renda, o levantamento estima a desigualdade. A medida usada para calcular a desigualdade é o Coeficiente de Gini. Na escala desse indicador, zero significa igualdade total de renda. Quanto mais próximo de um, por sua vez, maior será a desigualdade. Assim, uma alta no Gini assinala uma piora nas condições socioeconômicas.

Segundo as projeções, a média das 22 regiões metropolitanas estudadas mostra que o coeficiente de Gini chegou a 0,640 no segundo trimestre de 2020. No mesmo período de 2019, ele estava em 0,610. Em comparação ao primeiro trimestre deste ano, a distância entre topo e base também aumentou, de 0,610 para 0,640. “São necessárias muitas mudanças para se observar alteração no Gini, e a mudança identificada é bastante robusta”, diz Salata. “São mudanças acentuadas em um espaço curto de tempo, o que revela o efeito extremo e brusco da pandemia e da crise econômica. Vemos uma diferença muito clara [antes e pós pandemia], em geral com crescimento muito acentuado”.

Na região metropolitana de São Paulo, a diferença entre o topo e a base aumentou de 0,631 no segundo trimestre de 2019 para 0,653 no mesmo período em 2020, durante a pandemia. Na região metropolitana do Rio, a desigualdade subiu de 0,635 para 0,685. O estudo considerou três estratos sociais: os 40% mais pobres e os 10% mais ricos, que são as pontas, e os 50% mais próximos da média de renda dentro de cada região metropolitana, ou seja, o meio.

Das 22 regiões metropolitanas estudadas, apenas Maceió não registrou aumento da desigualdade. O fenômeno pode ser explicado por uma aproximação do topo com o meio. “Os ricos tiveram uma queda que fez com que se aproximassem aos do meio”, explica Ribeiro. Os pesquisadores esclarecem que o Coeficiente de Gini “tende a ser mais sensível para as mudanças mais próximas do meio do que nas pontas”.

Nos tempos de Lula e Dilma

Salata lembra que o que chama de ciclo de redução de desigualdade, entre 2001 e 2014. “Especialmente no segundo governo de Lula e no primeiro de Dilma, todos os estratos estavam aumentando seus rendimentos gerais”, destaca. “A ponta de baixo tendia a crescer mais. É o melhor dos mundos, porque o bolo cresce e quem está embaixo começa a ganhar uma fatia maior. Agora, o que se vê é o oposto, é o pior dos mundos. Todos estão perdendo e os pobres perdem mais, aumentando a desigualdade”.

Além disso, os pesquisadores citam a diminuição do desemprego, a manutenção do auxílio emergencial e uma rede de proteção social mais robusta. Para os pesquisadores, não é possível prever com exatidão quando haverá uma retomada dos patamares de renda. Esta retomada, porém, está relacionada com a criação de vagas de trabalho.

O PT lançou em setembro o Plano de Reconstrução e Transformação do Brasil, que tem como objetivo levar à superação da crise sanitária, econômica e social. A ideia é apontar soluções de políticas públicas que permitam ao o país retomar um projeto de desenvolvimento com inclusão social. A luta pela redução das desigualdades e da distribuição de renda é central para tirar o país do atoleiro que se encontra por conta da política econômica de Bolsonaro e Guedes.

O plano do PT tem como objetivo construir um Estado forte e democrático, capaz de garantir acesso à saúde, educação de qualidade, segurança, cultura, trabalho com direitos. “Garantir de fato a liberdade e os direitos do povo. Nós já provamos que isso é possível. Podemos fazer de novo e de um jeito melhor, com mais democracia e enfrentando pra valer as desigualdades”, aponta o presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante.

PT Nacional

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