Em audiência requerida por Rosa Neide, estudantes indígenas e quilombolas cobram vagas para programa de permanência
Entre 2018 e 2021 o número de alunos atendidos pela bolsa permanência diminuiu de 22 mil para 10 mil alunos em todo o País
As comissões de Educação e de Legislação Participativa da Câmara discutiram de forma conjunta na terça-feira (05), como estão os programas de permanência nas universidades e instituições federais de ensino para indígenas e quilombolas. Requerentes da audiência em parceria com outros parlamentares, a deputada federal Professora Rosa Neide (PT-MT) e o deputado federal Waldenor Pereira (PT-BA) coordenaram os debates.
Segundo dados apresentados pelo diretor de Políticas e Programas de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Edimilson Costa Silva, o Programa Bolsa Permanência criado em 2013 concede bolsas de estudo para alunos em vulnerabilidade socioeconômica no valor de 400 reais, e para indígenas e quilombolas no valor de 900 reais.
De 2018 a 2021, entretanto, o número de alunos atendidos pela bolsa permanência diminuiu de 22 mil para 10 mil alunos em todo o País. Segundo Edimilson Costa Silva, não houve aumento na oferta de vagas por falta de recursos no orçamento para o programa. “Embora nós fizéssemos a previsão de inclusão de mais 4 mil alunos, nós não tivemos a aprovação do orçamento correspondente”, explicou.
A deputada Professora Rosa Neide (PT-MT) afirmou que o problema no MEC não é a falta de recursos, mas sim a falta de prioridade, que deixa quilombolas e indígenas desassistidos nas universidades.
Por sua vez, a deputada Joenia Wapichana (Rede-RR) destacou a importância de transformar os programas de assistência estudantil em políticas de Estado e para isso, a Câmara já analisa dois projetos de lei (PL 1375/20 e PL 10612/18).
O coordenador do encontro nacional dos estudantes indígenas, Kâhu Pataxó, afirmou que, desde 2017, o MEC vem fechando o sistema para novos alunos. “A gente tem visto uma tentativa constante de que esse ganho, essa vitória tão grande dos povos indígenas, fique esquecida e seja retirada de nossas mãos”, lamentou.
Ele afirmou ainda que a restrição de acesso ao programa bolsa permanência prejudica não apenas a continuidade dos cursos universitários, mas também o ingresso de novos alunos indígenas. “Porque muitos estudantes nem tentam entrar para a universidade”, informou.
A representante do Movimento Nacional de Estudantes Quilombolas, Charlene Bandeira, criticou os dados apresentados pelo MEC. “Se a gente tem uma demanda, segundo o Fonaprace (Fórum Nacional de Pró-reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis), de mais de seis mil alunos para receber essa bolsa, a gente precisa que esses alunos sejam inseridos no sistema”, cobrou.
Promessa e Ofício
Edimilson Costa Silva disse que o MEC já está trabalhando para recompor esses recursos para o ano de 2022. “Para que sejam acrescidas duas mil vagas, isso já está certo dentro do próprio orçamento da pasta”, prometeu.
Em contrapartida a essa promessa, a deputada Rosa Neide e o deputado Waldenor Pereira encaminharam nesta quarta-feira (06) ofício ao ministro da Educação, Milton Ribeiro, solicitando agenda para tratar do tema das bolsas permanência.
Costa Silva assumiu na audiência compromisso de agendar para quinta-feira (07), pela manhã, a reunião com o ministro. Nesse sentido, os parlamentares afirmam no ofício que o diretor e o ministro “receberão uma comitiva composta por parlamentares dessas comissões e representantes dos estudantes indígenas e quilombolas que participam do 1º Fórum Nacional de Educação Superior Indígena e Quilombola, que acontece em Brasília durante esta semana”. (Com informações da Agência Câmara de Notícias)
Volney Albano
Assessoria de Imprensa
Deputada Federal Professora Rosa Neide (PT-MT)
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